6 de mai. de 2011

Confessions of a bookaholic in treatment: - Parte 2


"...A gente passa o dia combatendo dragões e, de repente, vê que era só uma lagartixa. Gosto de resolver. Me sinto poderosa, me sinto útil. Espero estar fazendo do mundo um lugar melhor. Quando namorava o D., quis dar um curso de silk para meu cunhado. Ele nunca disse que se interessava mas cismei e, de intrometida, dei.
     Hoje, essa é a profissão dele. Ele sustenta esposa e filho fazendo isso. Sorri. Pensei que as coisas não são tão vãs assim. Me achei intrometida mesmo. Na época nem pensei. Mas sei lá, me parece que fiz um bem. E se o meu amor pelo D. não adiantou para ele, talvez tenha feito a diferença de um jeito secundário. Foi bom pensar isso. Porque penso em tanta gente que amei, que eu quis o bem. Penso no R., ainda sinto que ele foi um grande fracasso. Aquela semente de amor não deu em nada. Mas serviu, serviu para mim. Hoje me sinto mais inteira do que antes dele chegar, muito mais do que ele se foi. Se os vínculos aqui são tão frágeis, sempre resto eu. Estou aqui, apesar de tudo - E estou comigo. Pela primeira vez. " M.

Confessions of a bookaholic in treatment: - Parte 1

     "Hoje não estou bem. Não mesmo. Sentei no carro sozinha e chorei. Chorei por vários minutos. Passei o dia na cama, sem energia. Uma gata sumiu. Estou preocupada. Estou cansada de perder: meus gatos, minhas pessoas. Tenho pensado bastante no R.  Toda hora me vem um flash, alguma coisa dele. Tenho medo dele morrer. Com o D. era assim, eu ficava esperando o dia que ia ter a notícia da morte dele. Veio. Tenho mais medo é dele morrer e ninguém avisar. Estou chorando de novo. Tento entender. Eu queria estar com ele? Não, certamente, não. Eu nunca fui feliz com ele, eu estava sempre tensa, sempre com medo. Mas eu me culpo um pouco por ter me abandonado tanto e ter lhe dado todo o poder.  Quando quis me retomar já era tarde e a coisa degringolou de vez. Mas sei que nada disso é real, que ele nunca gostou de quem eu era e ele escolheu ser infeliz. Eu nunca seria o suficiente, mesmo. 
  Lembro do H., lembro das tentativas que fiz de me ferrar, e consegui. Tudo bem, esta tudo feito, e passado. Mas me sinto, mesmo, vazia. E esse vazio ficou enorme hoje. Eu não quero o que tive antes, não quero o que as pessoas comuns têm. Então o que? Eu não preciso ser super bem sucedida profissionalmente. Eu preciso receber o suficiente para uma vida digna, e só. 
     Eu não vejo sentido em um relacionamento de casal. Isso foi o que eu mais quis, um homem que me amasse. Não me importa mais. Amor é doloroso e toma tempo e espaço que não quero dar. Mas então, o que quero? Qual o meu papel, afinal? Não sei. Os vínculos são todos tão frágeis e estamos todos tão sós."
                                                M.C.